Daniel Barroca
Vestígio, 2002
Vídeo PAL, b/n, stereo, 7’
O Vestígio (2002) é um trabalho feito a partir de fragmentos de fotografias de uma mesma família anónima que recolhi ao longo de vários anos num alfarrabista de Lisboa. É um trabalho sobre, por um lado, a inacessibilidade da memória e, por outro lado, sobre a sobrevivência das imagens do passado e a sua persistência no presente.
Há a história da fotografia, as estórias que estão dentro das fotografias e a escória de tudo isso que podemos encontrar dispersa por muitos lugares e geografias. A primeira, a história da fotografia, pode encontrar-se em arquivos e há um número incontável de textos teóricos sobre o assunto. As segundas, as estórias dentro das fotografias, encontram-se normalmente em espaços privados e há um número incontável de textos escritos a partir dessas estórias. A terceira, a escória da história e das estórias (das visões e seus materiais anónimos) que ficaram para trás, abandonados pelo caminho, é uma zona bastante mais lodosa e complexa de se navegar. Este trabalho é sobre a fotografia enquanto resto, ou sobre os restos fotográficos da vida de um grupo de pessoas que eu não conheço, com quem nunca falei nem toquei, e que viveram em Portugal durante a ditadura salazarista.