Mariana Caló e Francisco Queimadela
Corpos Permeáveis às Escuras, 2017
Composição espacial, conjunto de objetos do projeto Gradações de Tempo sobre um Plano
“Corpos permeáveis às escuras” é uma composição espacial na qual estão articulados um conjunto de objectos de “Gradações de tempo sobre um plano”, projecto iniciado por Mariana Caló e Francisco Queimadela na Primavera de 2010. Este projecto contínuo é constituído por elementos não-sequenciais que correspondem a diferentes articulações da experiência dada em trabalho de campo, ou em estúdio, sejam registos, interpretações, ou perspectivas, da relação entre a pessoa e a passagem do Tempo. Uma relação que se transforma em função de derivas mentais, de memórias, de projecções no futuro, de estados de consciência, etc
Em “Corpos permeáveis às escuras”, o espaço é escurecido e as paredes pintadas de cor púrpura. As fontes de luz da sala são de um projector de vídeo, dois projectores de diapositivos e um projector de recorte que ilumina uma das pinturas que se encontra na parede.
Neste espaço coabitam vários elementos, entre eles “ Seres selvagens de vários sexos” – um vídeo de 3’25’’ em loop, onde figuram dois caracóis sobrepostos, envolvidos na velocidade que lhes é íntima, acasalam.
No chão estão dois tijolos onde é projectado em diapositivos o poema “Pequena morte”, que diz em português (e em versão traduzida para Inglês) o seguinte: “Entre o magma e a pressão da gravidade /Em grande velocidade/ Concebemos o tempo morto/ E no mais pequeno instante / O que fora de um chumbo regular/ Certo, concreto e real/ Já era um volume informe/ Tão vermelho quanto quente.”
Imediatamente atrás, assentes na vertical no chão, estão duas pinturas de 40x50cm, em tons próximos do siena e laranja-avermelhado fluorescente, com a mesma forma, o mesmo fundo, mas em cores invertidas, intituladas “Figura-Monólito”. Suspensa na parede, com iluminação de recorte, está uma pintura com uma figura a preto sobre branco creme de 120x80cm, que sugere a representação de uma sereia macho, que se chama “Corpo permeável às escuras”.
Na parede, na penumbra, está “Entre o abismo e a montanha”, um elemento constituído por uma tela flanelada de 100cm de largura em forma de parábola, pendurada em duas hastes que distam entre si 110cm e estão a 250cm de altura. Por fora, esta quase-escultura é negra e opaca, parece uma sombra. Mas no interior da tela, percebe-se a volumetria da forma pelo castanho com brilho que reflecte a luz remanescente do espaço.