Alexandre Estrela
Um homem entre quatro paredes, 2008
Projecção vídeo, cor, som mono / Sem fim. Ed.: 1/3
A tatuagem de cinco pontos nas costas da mão é uma marca comum entre os presidiários portugueses e simboliza um homem entre quatro paredes. Nesta representação sintética do espaço, o prisioneiro, assinalado pelo ponto central, é enquadrado por quatro pontos iguais, que representam as quatro paredes de uma cela. Tal como na ilusão óptica do triângulo de Kanizsa, o desenho das quatro paredes é invisível, sugerido apenas pela presença dos outros quatro pontos/cantos.
Em Um Homem Entre Quatro Paredes, uma imagem ampliada desta tatuagem é projectada numa parede. Os quatro pontos exteriores da tatuagem encaixam‐se nos quatro cantos da sala, cujas paredes fecham fisicamente a ilusão óptica. No vídeo, a imagem emerge de um aparente ponto de fuga, expandindo‐se sobre a superfície do ecrã. Quando os pontos tocam os cantos da sala, ouve‐se um forte som de impacto que se torna progressivamente mais forte e violento. No auge da animação, o prisioneiro transforma‐se no ponto de fuga de um espaço geométrico virtual. Quando este momento é atingido, o som torna‐se contínuo, criando uma ressonância que ameaça a estrutura do edifício.