Eugénia Mussa (1978, Maputo, Moçambique), vive e trabalha em Lisboa, Portugal. Estudou desenho e pintura no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual em Lisboa (2009) e tem um Foundation Course in Fine Arts do City and Islington College em Londres (2002). Eugénia Mussa viveu em Maputo até aos cinco anos de idade, entre os bairros da Matola e da Polana, em plena guerra civil moçambicana. Em 1983, veio com a família para Portugal. O seu percurso diaspórico influencia o seu trabalho, mas nas suas pinturas não confrontam diretamente o tema da identidade africana, mas funde-o com memórias, imagens e sentimentos recolhidos ao longo do seu percurso. A mistura de referências e a flutuação estilística caracterizam a sua prática.
No seu programa artístico, a artista Eugénia Mussa tem vindo a desenvolver uma reflexão em torno das possibilidades formais e narrativas da pintura, explorando ideias de ambiguidade, incerteza e indecifrabilidade psicológica, bem como dos afetos, por vezes contraditórios, irremediavelmente associados a memórias, mais ou menos vagas, mais ou menos ficcionais, da infância. A incapacidade de resolução manifestada pelas cenas quotidianas que Mussa retrata, onde personagens cujo estado de espírito apenas dificilmente se decifra se movem por cenários que nos parecem ficcionais, de tão irreais que são, conduzem-nos para um estado de tensão e suspensão narrativa, de que dificilmente nos conseguimos distanciar.
Resgatando técnicas clássicas de pintura a óleo ou guache aplicadas em séries sobre tela ou cartão, explora e flexibiliza as fronteiras entre a repetição e a variação, a geometria e a figuração, o real e o imaginário, e revela imagens cujo cromatismo deslumbrante desencadeia experiências nostálgicas. Na sua obra figurativa, a artista emprega uma técnica clássica de pintura a óleo com aleatoriedade musical, flutuando livremente entre estilos, géneros ou paradigmas pré-estabelecidos. Uma fonte frequente de inspiração para as suas pinturas é o seu vasto arquivo de imagens, composto por memórias do quotidiano mundano, doméstico e urbano, que encontra em livros, postais e em vídeos amadores gravados em película Kodachrome.


